Em fevereiro de 2023, Bobi, um exemplar da raça Rafeiro do Alentejo, foi oficialmente reconhecido pelo Guinness Book como o cachorro mais velho do mundo. No entanto, seus donos anunciaram que ele nos deixou na última sexta-feira, 20 de Outubro de 2023.
Bobi viu a luz do dia em 11 de maio de 1992, quando seu proprietário, Leonel Costa, tinha apenas 8 anos. Costa revela que a ninhada à qual Bobi pertencia foi abandonada por sua família, que já possuía uma considerável quantidade de animais em casa. No entanto, o pequeno cãozinho se escondeu em meio a uma pilha de madeira. Quando Leonel e seus irmãos descobriram o cãozinho, decidiram mantê-lo escondido dos pais, o que possibilitou que ele crescesse como parte integrante da família.
O fiel companheiro de quatro patas residia em uma fazenda situada no vilarejo de Conqueiros, no distrito de Leiria, Portugal, onde convivia com Costa e quatro gatos. Em uma entrevista à Associated Press, alguns meses atrás, o dono atribuiu a longevidade do animal a “boa alimentação, ar puro e amor abundante”. Segundo ele, Bobi nunca usou uma coleira e desfrutou da mesma comida que os humanos, fato que, segundo ele, contribuiu para a qualidade de vida do cão.
Embora seja difícil afirmar com certeza os motivos da longevidade, a médica veterinária Maira Formenton, membro do Ambulatório de Dor e Cuidados Paliativos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP) e diretora clínica do Fisioanimal, concorda que atividade física e uma alimentação equilibrada são fundamentais.
“Não é obrigatório que o cão viva em uma fazenda, mas se você deseja prolongar a vida do seu companheiro canino, é essencial mantê-lo fisicamente ativo, com passeios, visitas ao parque, estímulos ambientais e interações com outros cães”, afirma. “Embora a alimentação humana possa apresentar algumas lacunas nutricionais, no caso de Bobi, ele provavelmente equilibrava isso com o que estava disponível na natureza.”
Embora apenas reproduzir a dieta humana não seja o ideal, especialistas veem com bons olhos uma abordagem de nutrição natural, desde que seja equilibrada. As rações também podem desempenhar esse papel, contanto que sejam de alta qualidade.
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Outros fatores também influenciaram positivamente a expectativa de vida dos animais, sendo o elemento humano de importância fundamental. Cães que vivem nas ruas geralmente não costumam ultrapassar a marca dos dez anos de idade, mas animais domiciliados, que têm acesso a atividades físicas, uma alimentação de qualidade, cuidados de saúde e medidas preventivas, podem facilmente atingir uma idade de até quinze anos.
Ainda há muito a descobrir para que os cães alcancem a mesma longevidade de Bobi, cuja expectativa de vida média não ultrapassava os 14 anos. Antes dele, o recorde pertencia a Bluey, um cão pastor australiano que viveu 29 anos e faleceu em 1939, mantendo o título por mais de oito décadas.
Bobi não foi o único membro de sua família a alcançar uma idade avançada. Sua mãe, Gira, chegou aos 18 anos, e outro cão da família, Chicote, faleceu aos 22 anos. A médica veterinária Caroline Fernandes observa que “o tempo de vida deles é variável”, e reflete sobre o quanto seria uma bênção se todos os cães pudessem desfrutar de uma vida tão longa quanto a de Bobi.